quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Como Sentimos a Dor Neurológicamente

A dor normalmente começa quando algum tecido do nosso corpo sofre algum dano. Quando isto acontece algumas células morrem e liberam algumas substâncias (prostaglandina, leukotrienes, serotonina e iões K+) que excitam (geram potencial de acção) alguns neurónios especializados na transmissão da dor e que estão distribuídos por todo o corpo. Ao ser disparado, o potencial de acção é transmitido de um neurónio para o outro através de um neurotransmissor chamado de Substância P. Existem dois tipos de neurónios que transmitem a sensação da dor:

O primeiro tipo de neurónio a ser excitado é chamado de Ad, ele então leva o potencial de acção para a medula espinhal e sobre passando pela Formação Reticular Ascendente, Ponte, Mesoencéfalo, Tálamo, Giro do Cíngulo e finalmente o Córtex Cerebral onde se faz o reconhecimento da sensação da dor. O neurónio do tipo Ad é responsável pela sensação de dor aguda. Esta é a primeira forma de impulso de dor que recebemos devido à velocidade em que é transmitida, já que o neurónio Ad possui um recobrimento de mielina mais espesso e um diâmetro do axónio maior.

Um outro tipo de neurónio chamado de C, leva ao cérebro um impulso de dor do tipo "pulsante" como aquele que sentimos nas inflamações. Este impulso é mais demorado pois o neurónio C tem um diâmetro menor e possui um isolamento muito fino.

Além da transmissão da dor, outros fenómenos normalmente ocorrem em decorrência do dano no tecido:

O mais comum é a inflamação que é causada por um hormónio chamado Histamina (vem daí o nome Anti-Histamínicos de alguns anti-inflamatórios). A Histamina faz com que as artérias que passam pelo tecido aumentem de diâmetro permitindo uma maior circulação de sangue. O objectivo neste caso é que o aumento do fluxo de sangue, o tecido danificado tenha mais recursos disponíveis para ser reconstruído.

Instintivamente muitos animais (incluindo os humanos) tendem a massagear ou lamber a área em volta do ferimento, este tipo de comportamento faz com que as áreas ao redor do ferimento liberem substâncias chamadas de Endorfinas (que será explicada mais adiante) que ajudam a diminuir a sensação da dor, já que as endorfinas são inibidores da liberação da substância P pelos neurónios que transmitem a dor.

Quando o ferimento acontece em momentos de grande stress, o corpo libera uma quantidade grande de endorfinas na corrente sanguínea quando ocorre algum ferimento para que a não se sinta a dor. Esta liberação é resultado de um comportamento evolutivo, pois ao se evitar o sentimento da dor, a pessoa ou animal que sofreu o ferimento pode continuar a fugir do perigo mesmo com o ferimento, ajudando assim a preservar a sua vida. Posteriormente quando as endorfinas param se ser liberadas, a pessoa vai sentir a dor. Este é o motivo pelos quais alguns atletas ou soldados em momentos de stress intenso, podem continuar a realizar as suas tarefas mesmo depois de terem sofrido ferimentos que seriam muito dolorosos em situações de maior tranquilidade.

Este tipo de liberação também ocorre em algumas ocasiões como durante o período de corte e acasalamento onde a transmissão dos genes é mais importante do que a dor (ex: machos que lutam por uma fêmea) e no parto onde o nascimento de um filhote é mais importante evolutivamente do que o dano causado ao corpo da fêmea.

Existem duas vias que processam o estímulo doloroso: a via ascendente e a via descendente.

A via ascendente conduz a informação nociceptiva da periferia, através de fibras nervosas, até ao cordão posterior da medula, e daí ao cérebro.

A via descendente exerce um controlo inibitório no tráfego nociceptivo ascendente. Nem todas as dores de um doente com cancro resultam da estimulação de receptores nociceptivos. A dor neuropática é devida a lesão nervosa, deixando deste modo de existir o efeito de frenação sobre o impulso nociceptivo (estímulo doloroso).

Sob o ponto de vista endógeno, existe um mecanismo de analgesia natural que resulta da produção de neuropéptidos moduladores nociceptivos (endorfinas, encefalinas, dinorfinas, calcitonina); estes inibem a libertação de neuropéptidos envolvidos na transmissão nociceptiva (substância P, bradicinina, somatostatina).

Bibliografia:htt//psicoforum.br.tripod.com

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